Eleições livres para mudar de vida
Menos de um mês após a comemoração dos 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, realizam-se a 18 de maio eleições legislativas. As eleições antecipadas ocorrem por um motivo pouco digno: um primeiro-ministro aproveitou o primeiro pretexto que encontrou para ir para eleições.
Certo é que a democracia tem sempre soluções, até para o problema da extrema-direita, que admitiu no seu seio e que só vê corrupção nos cinquenta anos de democracia, assumindo assim que nada de bom a democracia trouxe. Já sabíamos que assim pensavam, mas é clarificador que o digam e escrevam.
Com o pretexto de afastar a direita e a extrema-direita, o taticismo extremo que se sobrepõe à política é um veneno para a democracia. Quando alguém, por falta de propostas que resolvem problemas reais, pede aos eleitores que deixem de votar no que acham ser o melhor para o país para votar em quem tem mais hipótese de vencer, como tem feito o PS, desvaloriza a democracia e o valor do voto. Principalmente quando admite viabilizar, uma vez mais, um governo da mesma direita.
A melhor forma de celebrar os cinquenta anos das primeiras eleições livres é dar respostas aos problemas do país e das pessoas, afastando assim o fantasma da extrema-direita. É urgente baixar o preço das casas já, impondo tetos máximos das rendas, o que permitiria que tantos jovens pudessem finalmente ter uma casa.
Os salários não acompanham a cavalgada imparável dos preços da habitação dos últimos anos. Para a grande maioria é uma corrida para o abismo, enquanto para os especuladores e fundos imobiliários é um maná que não querem perder e que a AD, a direita e a extrema-direita protegem.
É a grande maioria que trabalha que é urgente dar resposta imediatamente. Esta maioria fica com uma fatia demasiado pequena do que produz, pagando por vezes caro com a sua saúde. Não há futuro para este país se não respeitarmos quem trabalha, com mais salário, mais tempo para viver e para a família.
Quem mais tem, capital incluído, tem de ser chamado a contribuir um pouco mais para a grande construção da democracia que foi o estado social, a saúde, a educação e os cuidados.
Não há melhor forma de celebrar os 50 anos das eleições livres do que lutar, também nas urnas, por mudar de vida.